quinta-feira, 6 de março de 2008

Last night...

Noite de quarta-feira, amigas reunidas, todas com alguma reclamação do sexo oposto. Mas a animação por se reencontrarem era maior, e elas precisavam de uma, duas, dez cervejas. O lugar foi escolhido ao acaso, “dizem que aqui é bom”, apontou a caroneira do banco da frente para a motorista. A do banco de trás assentiu com a cabeça, “entramos então”.

À primeira vista tudo muito bem, mas uma constatação: onde estão os casais de namorados? Oferta e procura se equiparavam. Ao entrarem sentiram-se como bois (ou vacas) indo para o abate. Todas três tinham lá seus atrativos, mas a excitação masculina ao adentrarem o recinto assustou um pouco. Por timidez ou falta de espaço mesmo, ficaram bem perto da porta, no balcão do bar. Primeira cerveja servida, copos ao alto, “beber sem brindar, sete anos sem dar”, coroou a do banco da frente, e lá se foram os primeiros goles.

À medida que bebiam, feições mudavam, gente feia ficava bonita, gente mais ou menos ficava deslumbrante, conversa cada vez mais alta, e o som - que antes era apenas fundo musical - ganhou volume, fazendo corpos se movimentarem. O tempo foi passando e a casa enchendo. Dançar já era impossível, apesar das tentativas da guria do banco da frente, “ele está ali na pista, vem”. E se iam, em fila indiana. A motorista anunciou, “hoje eu beijo na boca”, olhando em volta. A do banco de trás foi enfática, “hoje não dá”.

Conversa vai, conversa vem, depois de algumas investidas frustradas e tentativas furtadas, tudo parecia muito chato para a moça do banco de trás, que se sentia fora de seu habitat. “Por que todo mundo conhece essa música e está cantando?”. “É uma das mais famosas da banda”, dizia incrédula a do banco da frente. Era relativamente cedo ainda quando decidiram ir embora. “Não quero atrapalhar a noite dela”, desculpava-se a do banco de trás com a motorista, que conversava ao pé do ouvido com um rapaz que vira logo quando chegou. Enfim, uma noite mais ou menos, segundo a chatinha do banco de trás. Menos, pela festa, que não estava láááá essas coisas. Mais, pela companhia, ótima e impagável. "Precisamos marcar outras", constatou a motorista. "Sim, sim, mas não aqui", riu a do banco de trás.

*Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com a vida real deve ser encarada como um "Ai cherrie, que coincidência, aconteceu bem assim comigo. Tô passada!".