segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Um 11 de agosto diferente daquele...

Hoje o dia nasceu diferente. Nada de telefonemas na madrugada ou gritos no portão da minha casa. Até notei o sol, o dia não ficou nublado pelos olhos cheios d'água. Fui no cabeleireiro também, mas já não é no mesmo lugar, nem encontrei ele. Bem diferente daquele 11 de agosto de 2007...

Trocando e-mails na tarde tudo indicava que iríamos no encontrar no salão. Tínhamos marcado o mesmo horário. Eu com a Greice, ele com o Maurício. "É alma gêmea, né", como gostava de repetir mesmo com o fim do namoro. Já esperando pelas primeiras tesouradas ele falou que rasparia toda a cabeça. Eu pedi para ele deixar o mullets. Mudou de idéia. Entre uma conversa e outra, sorrisos, olhadinhas pelo espelho para ver como estavam ficando os cortes de cabelo. "Vocês estão muito amiguinhos pra serem ex-namorados, já vi onde isso vai dar", repetia minha cabeleireira. Eu só balançava a cabeça negativamente e ria. A noite seria na Kimik, e eu não via o que ele achava de tão legal naquele lugar, por isso declinei o convite. Falei que sairia com a Andressa e a Pree na Cidade Baixa, mas não dei muitos detalhes, e nem convidei. Ele também não se ofereceu. Nos despedimos desejando boa festa um ao outro.

Em casa combinei a logística da carona com meu irmão. Iria em duas festas de formatura, depois encontraria as gurias no Elo e ele seguiria pra outra festa com os amigos. A noite estava estranha, mas não ruim. Bebi. Não estava dirigindo e essa lei não era tão rígida. Liguei pro Diego, que disse me pegar em 5 minutos. Saí em seguida, sei que ele não gosta de esperar. Conversei com o segurança, esperei, bateu a fome, fui comer, e nada dele aparacer. O celular não atendia mais, apesar das minhas chamadas insistentes. Até que, finalmente, alguém atende o telefone. Mas não era voz conhecida. Tentei descobrir o que estava acontecendo. "Ele tá mal aqui no banheiro... esse teu irmão!", mas isso era impossível, tinha falado com ele pouco antes e parecia ótimo! Me dei conta de que aquilo era um assalto, só não sabia se ainda estavam com meu irmão. Entrei num táxi com a Andressa e, a caminho do apartamento dela, xinguei o cara de tudo quanto foi coisa. Nada bonito. O taxista que o diga. Iria dar um tempo por lá pra ver se o Diego mandava sinal de vida. Nem precisou. Já pagando a corrida recebo uma chamada a cobrar. "Fui assaltado, tô na Ipiranga e vou te buscar agora, onde tu tá?" Mas será que estava sozinho? Combinei no posto da Silva Só, o taxista ficaria me cuidando de longe. Quando o carro chegou senti um aperto no peito. Dei uma volta pra ver se estava sozinho mesmo, e entre soluços me mandou entrar logo no carro que estava frio. Da roupa só sobraram cueca e meias. Naquela hora meu instinto protetor me fez quase chorar. A cena, humilhante. Tirei o casaco e vesti no meu irmão menor. A procura por uma delegacia foi interrompida porque o Diego, depois da dar uma banda numa vila em Viamão, só queria ir pra casa. Tentei acalmá-lo, já na cama. Agradeci em silêncio por ter sido só um susto.

Não conseguia dormir. Já era manhã e meu celular não parava de tocar, um número estranho. Imaginei que fosse o assaltante, sei lá, até que ouvi alguém me chamar na rua. Vesti um casaco e fui até a janela espiar. Eram o Rodrigo e o Peu, com umas caras nada boas. Fui na rua ver o que queriam, e o que eles me disseram não sai da memória: "O Ju se acidentou na Freeway, tá no hospital". Na hora só pensei em quando ele teria juízo, mas não tive noção da gravidade da situação. Entrei para tomar um banho e iria para o Cristo Redentor com eles. Acordei meus pais e dei as notícias, nada agradáveis. Saí meio atônita. Não pude ver o Juliano aquele dia, só pai e mãe, e as notícias dos médicos não eram nada esperançosas. Lembro de chorar, muito, sentada na escadaria. Pensei no que poderia ter acontecido se eu estivesse junto. Me culpei. Rezei baixinho. Mal conseguia falar ao telefone quando me ligavam pra saber o que tinha acontecido. Fui pra casa a tardinha, sem forças já, inchada de tanto chorar, sem comer e sem dormir. No dia seguinte consegui entrar na UTI. Mas aquele não era o Juliano que eu conheci em 2004, pela internet. Não era o Neni ali, cheio de aparelhos. Era uma pessoa, desfigurada pela pancada, mas lutando pra se manter viva. A mesma luta tatuada na cintura. "Se tu lutas, tu conquistas."

E ele conquistou. Um ano depois está aí, firme e forte, fazendo de tudo para voltar a ficar 100%.

Parabéns Ju. Parabéns pela nova vida que tu ganhou naquele 11 de agosto.

É... hoje o dia nasceu bem diferente...

12 comentários:

Pree disse...

CHOREI!

Ci disse...

Imagina eu escrevendo...

Unknown disse...

Eu e mãe choramos tb de muita emoção. O texto foi lindo e muito bem escrito. Beijos.

Unknown disse...

Cada vez me surpreendo e me orgulho mais com a tua capacidade de escrever e com isso transmitir.. uma enorme comoçao.. mesmo em mim q pouco conhecia dessa historia...simplesmente LINDO e graças a deus SUPERADOO..

Amo-te..pela força, amizade, cia, carater, enfim por tudo q tu è e representa pra mim.

Fala garoto, fala garota. disse...

Todos nós, de menor a maior intensidade, estivemos envolvidos nesta "tragédia" que hoje se chama "superação". Ver o Ju cada vez melhor e com toda a força de vontade só nos faz acreditar o quanto as orações valeram a pena. E o quanto ele é iluminado! Vamos chorar agora, um ano depois, mas de alegria!

Caroline disse...

Bah... eu lembro...
Estive contigo em alguns momentos... e sei que foi muita superação... DE AMBOS!!!

Texto lindo Ci... me arrepiei mesmo!!!!

Véra Carvalho disse...

Filha...quase que não consigo terminar de ler, as lágrimas não qeriam deixar...
Nem sei o que dizer sobre o texto...lindo.
Nós que partilhamos tudo isso sabemos o quanto pedimos a Deus pela recuperação do Ju...fico feliz por ele ter nos atendido.
Eu te amo muito e que teu caminho seja sempre repleto de muita luz.
Bjs.

Ci disse...

Ah, a cada comentário meus olhos enchem d'água. Amo cada um de vcs, e saibam q todos me ajudaram a superar tudo isso. O importante é q o Ju tá aí, e veio aqui em casa com a Gledir me abraçar, se esforçando pra voltar a vida normal, e provando que as orações não foram em vão.

Beijo em cada um de vocês.

Anônimo disse...

Como todos acima, tb tive que conter as lágrimas... a lembrança da total tristeza e desesperança daquele dia voltaram a tona não só agora que li teu texto, mas no fim de semana que, como há um ano atrás, estávamos em Gramado e tomamos um Jolimont... só que dessa vez o brinde não era de pedido e sim de agradecimento.

Enfrentamos essa barra e vencemos com a vitória do Jú!!!

TAMO JUNTO, CI... SEMPRE...

BJAUM

rodrigomonteiro disse...

Até hoje ainda me contenho com as lágrimas pois espero o dia para derramá-las qdo ver o Jú 100%.

Ás 7 da manhã daquele sábado acordei com a pior das notícias dos últimos tempos, entretanto, nunca perdi minha positividade, assim como vc e muitos de nós Cibeli, não esqueço daquela nossa ida pra Porto Alegre, foram os kilometros mais longos da minha vida recheados de tristeza e dor que vieram a ser confortados quase 3 meses depois.

Naquele final de semana, assim como neste que completou 1 ano, eu e a Paula fomos novamente para Gramado e que diferença...

No ano passado redordávamos nossas idas, eu, vc o Jú e a Paula, temíamos pelo pior mas encontrávamos força na esperança de voltarmos um dia todos reunidos, e hoje temos a absoluta convicção e certeza que isso virá a acontecer.

Graças a Deus o tempo passou e a realidade é outra... Aliás, que só tem a melhorar!

Ahhhh!!!
Faz 1 ano que comprei o Jolimont do Jú, deu certo e acho que ele devia comerar esta conquista tomando unz bons goles!!

Abrazz!!!

Silvio Pilau disse...

Muito bom, Cibele. Emocionante mesmo.
Beijo

Confabulando, Polli disse...

Amiga, tuas palavras foram colocadas de uma forma com uma emoção muito intensa e uma sinceridade absurda...
Chorei muito, nossa me lavei aqui!
Realmente nós sabemos muito bem o que foi...tudo que aconteceu, e graças as preces e a força da oração, ele ta aqui, perto da gente!
Muita coisa se passou e com certeza a luz divina ilumina aqui, todos nós!
Isso me faz pensar e relevar muita coisa e ver que somos cristais, um simples deslize, talvez se quebre... mas estamos todos aqui, cada um, um ser que luta...que teu brilho jamais se apague e que amigas verdadeiras existem!
É do topo da árvore, do dom supremo do amor!
Sempre conte comigo, em qualquer situação, não te abandono jamais, muito obrigada por fazer parte desse mundinho tolinho e até mesmo rotineiro, mas que pequenos momentos, podem trazer grandes alegrias, te amo muito e tu sabe disso!Beijo grande, Fê Polli